As
mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis, que, anteriormente
falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade
Umberto
Eco
Do incrível aumento de usuários das redes sociais, por conta do acesso cada vez mais fácil, rápido e barato às portas do mundo pelas facilidades postas pelas tecnologias - ainda que pela virtualidade da internet - está resultando o acompanhamento proporcional de progressivo empobrecimento intelectual e artístico de conteúdos. Nada novo, pois condição observável desde o advento da indústria cultural e da sociedade de massa, e que converteu pensamentos, crenças, valores e opiniões em meros enlatados baratos e prontos para consumo. Não podemos nos esquecer da trajetória de acesso aos meios, e que caminhou das elites para a massa: jornal impresso, telefone, rádio, cinema, televisão, vídeos e internet. Não foi diferente com dicionários e enciclopédias.
Quanto mais acessível uma
dada mídia se tornou para a massa, mais degradado seu conteúdo, até se tornar
uma imensa prateleira de bugigangas repletas de informações, ideias e
sentimentos superficiais. Na maior parte das vezes opiniões e crenças. Nessa
prateleira - e aos montes - um moralismo piegas, rasteiro, mas repetido aos
gritos por toda a rede, como se disso resultasse alguma “elevação” na chamada
“consciência cidadã” da sociedade, além da adoção e militância acéfala à
bandeira que estiver em voga. Hoje são os negros, indígenas, homossexuais,
mulheres, crianças e velhos. Amanhã serão outros elementos, outros nichos e
tomados como o que há para pensar, sentir, falar e proteger em nome da
inclusão. Até disfunções sociais são tratadas como moda: assédio sexual, assédio
moral, pedofilia, bulling, etc. Em resumo: uma vida ditada pela moda e seja ela
qual for. Essa tem sido a “politização” das redes sociais.
Embora virtual
a internet afeta relações presenciais: as ovelhas agora vão sozinhas ao pasto,
onde passam os dias sem levantar a cabeça e a boca da grama, ainda que ao menos
para um olhar rápido pelo horizonte próximo. Elas ruminam regras anônimas, e
vigiam e patrulham umas às outras em nome de um entendimento de cuja
elementaridade acrítica se apropriam - o repertório politicamente correto –,
isto é, um código implícito de condutas, uma ideologia farta e ostensivamente
propagandeada pelos meios de comunicação, e até mesmo por meio de músicas,
programas de auditório e novelas.
A ovelha negra
não mais é discriminada segregada pelo rebanho, mas objeto de conversão antes
de expurgada. Dias de tolerância, de resiliência, de sorriso. Cada vez mais
valores e cada vez menos conhecimentos, por isso compreendendo saberes que
podem mudar o que sabemos de nós e do mundo, de modo a nos tornamos
individualidades nesse triste cenário de “massa”, nesse pasto imenso e onde nos
tornamos todos absolutamente iguais. Hoje, porém, nem autoridades, nem bandidos
e nem curiosos precisam vigiar a vida dos outros, uma vez que esses “outros” se
apresentam voluntariamente aos olhos do mundo. Abrem mão do sagrado direito das
reservas de si e o fazem por vontade própria. Algo similar a um carneiro que
caminha voluntariamente para o abatedouro. Evidente que filtram o que mostram
de si, mas mostram, e voluntariamente.
Finalmente
a panóptica que nem mesmo Jeremy Bentham imaginou no final do
século XVIII quando criou o conceito. Muito além da curta imaginação de Aldous Huxley em seu Admirável Mundo Novo de 1932. Já não
parece estranha a afirmação de Marshall
McLuhan que a mídia (meio, veículo) é a mensagem. Finalmente a
coincidência, a identidade entre o conteúdo da mensagem e o conteúdo da massa.
Enfim, fiat democratia. Vox Populi no comando das redes sociais.
As redes são a voz do povo.
Ah,
dirá alguém, mas tem coisa boa e de qualidade na internet. Claro que tem, mas
não nas concentrações de massa, e parece importante esclarecer que o emprego do
termo massa não significa um agrupamento de pessoas sem escolaridade e sem
dinheiro, mas um agrupamento de pessoas sem diferenciação intelectual e
afetiva, embora, muitas vezes, com escolaridade e dinheiro. Afinal, escolaridade
não é sinônimo de conhecimento, e dinheiro não pode compra-lo.
O usuário médio
de internet não é pesquisador, e menos ainda gerador do que pode ter interesse
de pesquisa. É usuário de facebook
(antes o Orkut), youtube, twitter, wattsapp e outras mídias caracterizadas
pela superficialidade, pelo grotesco,
pelo bizarro. Aliás, como esses usuários costumam dizer “têm” essas mídias, e
por essa afirmação pretendem dizer que “têm” as mensagens, e têm mesmo. Afinal,
alimentam, dão vida a essas mídias. Elas têm jornal digital, livro digital,
rádio digital, tv digital e o que mais quiserem e souberem “ter”. Elas têm em casa, e sem grandes custos, todas as mídias que no
passado foram privilégios das elites e alimentadas por uma legião de
profissionais. Hoje, com a disponibilidade gratuita de softwares de edição
gráfica e de sons e imagens, uma só pessoa torna-se produtora em todas as
mídias. Agora, então, que um simples celular captura e grava sons e imagens, e
com a possibilidade de desenvolver aplicativos, a liberdade editorial é plena.
Não é pouca coisa. Isso jamais seria imaginado em passado não tão distante.
Por que, então,
com toda essa tecnologia ao alcance da maioria das pessoas, não ocorre um
milagre qualitativo nas comunicações? Afinal, não seria isso de esperar de uma
avalanche de contribuições intelectuais, cientificas e artísticas resultante
das expressões dos indivíduos, dos usuários? Isso não ocorre porque não há
contribuições intelectuais, cientificas e nem artísticas. Aqui, e mais do que
nunca, vigora a cena do cão à frente do gramofone, em propaganda da RCA, com os
dizeres His Master’s Voice - a voz do dono -, e com a infeliz constatação que pela
voz do dono nada se ouve de interesse.
Por
que, então, a almejada independência em relação às mídias controladas pelos
poderosos não ocorre, e continuamos delas dependentes? Porque as pessoas têm
todas as mídias e seus recursos tecnológicos, mas não têm os correspondentes
recursos pessoais, isto é, os conteúdos.
Isso
significa a ausência de pessoas dotadas de bom nível intelectual, científico e
artístico? Significa a ausência dessas pessoas nas redes sociais. Essas pessoas
existem, estão presentes em diferentes estratos sociais e econômicos, mas
dispersas em seus anonimatos.
O
que na maior parte das vezes se encontra em facebook,
youtube, twitter e wattsapp são
pessoas que postam e compartilham banalidades, e muitas vezes “pensamentos”
erroneamente atribuídos a autores famosos como Churchill, Galileu, e outras
verdadeiras celebridades da história. Não são pessoas que procuram e menos
ainda que produzam conteúdos. Como negar, tomando por parâmetro a relação disponibilidade tecnológica x qualidade de comunicação que estamos
diante de uma grande defasagem para pior?
Torna-se um desperdício tecnológico. Decepção para quem
imaginou que a internet tornaria o conhecimento um bem de acesso universal.
Temos crise de conteúdos e não de mídias. As mídias, como sinônimo de
mensagens, desnudaram uma condição pouco lisonjeira de nós mesmos. Para muita
gente as tecnologias das redes estão como cozinhas sofisticadas para quem não
sabe cozinhar.
Não creio que
esse quadro mude para melhor. O processo de retroalimentação dessa lamentável
tendência só pode ser minimamente ameaçado por uma força que caminhe no sentido
contrário, e nada se observa nessa direção. Única forma de resistir à condição
de massa é privilegiar a condição de indivíduos, de sujeitos, e apenas mídias
de conteúdos podem exercer alguma influência nesse oceano de mesmices. Sem algo
diferente não há espelho para demonstrar a igualdade. Fato é, porém, que grande
padronização enraizou-se com profundidade, e é importante para a conservação de
forças que dela dependem para manter posição e privilégios: agentes de mercado,
políticos e religiosos.
Ainda que
angarie desafetos, tenho insistido com direitoides e esquerdoides que só sabem
reclamar da tendenciosidade das grandes mídias que a ninguém está negada a
criação de sua própria. Nunca o fizeram e sei o motivo: não têm fôlego para
sustentar críticas e teses por mais de dois dias de programação. A manutenção
sistemática de uma mídia individual de conteúdos exigiria desse indivíduo um
invejável grau de conhecimentos, e isso não costuma ser comum. Importante,
entretanto, lembrar que falamos de exercício de conhecimentos, e não de
opinionismo vulgar presente em qualquer mesa de bar.
Nenhuma outra
instituição soube se aproveitar de mídias como as igrejas evangélicas. Salas de
espetáculo dos cinemas, e que se tornaram obsoletas pela chegada dos vídeos,
tornaram-se ambientes para cultos. Rapidamente aproveitaram a oportunidade das
rádios comunitárias e sabem como ninguém obter concessão para explorar
emissoras ou programações de rádios e de televisões. Se não se utilizam tanto
dos recursos das redes sociais, souberam criar e fazer uso de aplicativos. Dos
programas de TV avançam para a produção de novelas, e
delas para filmes de longa metragem. Algumas criaram canais fechados de
televisão. Pessoas e instituições reclamam desse expansionismo, mas não lhes
ocorre fazer a mesma coisa, e que não está negada a nenhuma instituição de
natureza assemelhada.
Partidos
políticos não têm programações de rádio e TV. Verdade que não precisam e talvez
não queiram. Parece mais fácil e barato vez ou outra pagar pela produção de
conteúdo de propaganda depois exibida em rede pelas grandes mídias e em caráter
gratuito e obrigatório. Os conteúdos são invariavelmente os mesmos, e só
distinguimos uma propaganda de outra pela sigla partidária. Fazem pequeno e
péssimo emprego das redes sociais.
Propaganda:
esse é o conceito sobre o qual pensar. Ainda que algumas vezes sem consciência,
a investida individual nas redes sociais tem essa finalidade – propaganda –
lugar onde as pessoas tomam a si como objeto temático. Se disso resulta um
produto sofrível, paciência. Indicativo dos limites da própria pessoa, pois os
recursos tecnológicos são flexíveis e generosos.
Quando falamos
da participação e presença de instituições nas redes sociais o aspecto
mercadológico da iniciativa é ainda mais presente. Organizações não costumam
ter páginas no facebook, em blogs, ou em outras mídias ocupadas por pessoas
físicas, e quanto tem é uma lástima. Preferem os portais. Esses, por seu lado,
têm merecido atenção mais pelo design
do que por seus conteúdos. Aliás, costumam ter menos conteúdos do que as
aventuras amadoras dos internautas individuais.
Portal é todo
ele milimetricamente dosado. Espaços, cores, fontes, imagens, disposições, etc.
Isso, naturalmente, de acordo com a “face” que cada instituição adota como se
fosse uma espécie de máscara. Nessa medida, nada mais artificial e inútil do
que um portal. Também neste caso a mídia é a mensagem, e a mensagem dos portais
é invariavelmente quase sempre a mesma: uma imagem.
Esse é o modo
de se mostrar da maioria das empresas comerciais e industriais. Como portal é
mera ferramenta de marketing, e todas elas se utilizam da mesma
ferramenta, nenhuma leva a sério e tampouco faz negócios com base em
informações de portais. Não bastasse isso, o tempo que portal representou
alguma inovação de mercado ficou no passado. O problema é que, da mesma forma
que as mídias foram privilégios de elites antes de se tornarem domínio da
massa, o mesmo se deu com os portais, que nasceram como instrumento de
comunicação de empresas, antes de adotados pelas demais instituições.
Não é sem razão
que portais costumam ser estáticos, pois foram criados para atender a essa
condição. Na maioria das vezes são peças meramente estéticas – mas também
estáticas -, e mesmo assim repetitivas, pois costumam nascer de modelos –
modelos dos portais. Não é exagero dizer que quem viu um viu todos. Mera
escolha de templates.
De maneira
geral em portais não se encontram conteúdos. Estranhamente isso se mostra
verdadeiro até mesmo em portais de entidades educativas, o que no mínimo é
estranho. Até nesses casos os portais se prestam como cartões de visita, e não
como ferramentas de utilidade. Não são de utilidade nem mesmo para seus
públicos. O que dizer, então, para utilidade pública?
Manter portais ricos em conteúdos poderia ser missão legítima de
sindicatos e
associações, uma vez que existem em função da defesa de interesses
de pessoas, de cidadãos, e não de negócios. Nada melhor do que instituições com
esse feitio para trabalhar e publicar conteúdos com honestidade intelectual,
característica básica para garantir credibilidade da mídia, coisa que aquele
que orientado pela luz da propaganda, do marketing, não consegue no presente e
muito menos no futuro.
Uma razão por si suficiente
para sindicatos e associações de pessoas, de trabalhadores, se tornarem
promotoras de conteúdos que visem à reflexão permanente
sobre os mais diversos aspectos da vida - intelectual, afetiva e ativa – é o
fato de essas entidades estarem às voltas com a imprensa operária desde o tempo
de predomínio da chamada imprensa burguesa, e quando o índice de analfabetismo
da população era elevadíssimo. Acima e à esquerda imagem de edição de A Voz do Trabalhador, órgão da
Confederação Operária Brasileira, e que teve início em 1908.
É
verdade que falamos de outro tempo. Trabalhadores sem representação partidária
na vida política, poucas garantias trabalhistas e sociais. A participação e
importância dos sindicatos e de associações na resolução desses problemas foram
imensas, mas eis uma história a ser contada por sindicatos, associações, e por
seus mais importantes protagonistas: os trabalhadores. Memória e História do
trabalho e do movimento sindical são conteúdos mínimos pelos quais sindicatos
deveriam demonstrar interesse sem propaganda, sem marketing, e se possível sem
personalismos. É uma história muito rica para ser enterrada pela vaidade ou
pelo interesse meramente pessoal de quem quer que seja.
Vivemos hoje em
outro cenário nacional e internacional. Trabalhadores têm representação
partidária e garantias trabalhistas e sociais que se dão em boa parte pelo fato
de as nações serem signatárias de acordos internacionais. Aumentou o índice de
alfabetização e de escolaridade, até mesmo para fazer frente às exigências
criadas pelo advento da mecanização, robotização, informática e telemática. A
mídia impressa está em declínio no mundo todo, a Tv aberta está em franca
decadência, apesar da mediocridade vigente crescem as mídias digitais,
comunicadores “burgueses” pensam em como dar sobrevida aos negócios, etc.
Profissões inteiras desapareceram e outras surgiram, e diante disso tudo fica a
aparência do movimento sindical laboral se assemelhar ao movimento sindical
patronal, que faz o possível para apagar o passado, apostar no desenvolvimento
do presente, e apontar para um obscuro progressismo no futuro.
As
coisas mudaram. Nas últimas décadas houve uma docilização progressiva e
silenciosa dos trabalhadores. Isso foi feito a partir de um processo de
doutrinação que teve início no interior das empresas, passou pelas instituições
de ensino, fortaleceu-se em governos, massificou-se pelas mídias e acabou
sacralizada por igrejas. Para atender às necessidades de mercado empresas
enxugaram quadros, aumentaram a carga de trabalho e as responsabilidades de
trabalhadores, mantiveram os níveis dos salários, e convenceram o trabalhador
de que a manutenção dos empregos dependia diretamente da condição dele
enxergar, de conceber a si próprio como “dono”, de administrar suas atividades
como se fosse “dono”, que deveria ter espírito “empreendedor”, de
responder pelos próprios resultados, e de chamar para si a responsabilidade
pelos esforços, riscos e custos da própria formação, agora na condição de
continuada.
Eliminaram faixas inteiras de chefias e transferiram o peso de
planejamento e controle diretamente para os trabalhadores, e ainda os
convenceram a tudo isso fazer na forma de “equipe”, cabendo-lhes expulsar os
colegas que “não contribuíam”, que “não colaboravam”. Nessa medida, o controle
físico e emocional das atividades tornou-se um “dever” dos trabalhadores, e que
neles se internalizou por mecanismos ideológicos sob a batuta de consultores
especializados. Foi um grande negócio para escolas que se viram diante de um
enxame a procura de diplomas (não por conhecimentos) de graduação e de
pós-graduação. Grande negócio para governos que se aproveitaram do espírito
“salve-se quem puder” e para sindicatos patronais uma vez que houve uma rápida
expansão de escolas técnicas, agora com dinheiro público, preparando a massa
para melhor apertar parafusos, mas para construir pensamentos.
Revistas
especializadas investiram em publicações que vulgarizaram as doutrinas
(trabalho em equipe, empreendedorismo, pró-atividade, etc.) e finalmente vimos
igrejas promovendo seminários de desenvolvimento pessoal e profissional,
exatamente nos mesmos moldes dos consultores empresariais, esses sim
educadores, pois capazes de promover alterações em comportamentos (em ideias,
valores e sentimentos). Também neste caso, como em todos os outros, a doutrina
caminhou da elite para a massa. Eis o “novo” trabalhador repaginado pelo
capital, ironicamente adestrado para ser “independente”, mas com base em
valores e atitudes “socializadas”. Em boa parte a mediocridade que se assiste
nas redes sociais é reflexo dessa nova cultura de massas. Não tem importância se
reina a alienação em relação a tudo e a todos, contanto que sejamos todos “do
bem”.
Ao
falar em conteúdos refiro-me a produtos da elaboração da intelectualidade e da
sensibilidade - longe do academicismo, é claro, uma vez que nem acadêmicos
suportam a própria forma de expressão, e também do exercício da mera e
repetitiva expressão doutrinária, e que é comum ao discurso partidário -, como
o registro histórico e memorial do mundo do trabalho, como análises das
ideologias que alienam o trabalhador de si como pessoa, como o debate sobre as
condições atuais e futuras do trabalho, da educação e da saúde, como o pensar
sobre o futuro dos velhos no trabalho e na sociedade, sobre a representação
política na sociedade, etc. Quem ou o que impede que entidades civis atuem como
promotoras de mudanças na forma como os nacionais concebem a si, a sociedade e
o país. Ninguém está fazendo isso, menos ainda nas redes sociais, de onde
apontar para as oportunidades a serem exploradas por portais. Atividades como
essas expressariam e bem representariam com qualidade o lado cultural e
formativo de associações e sindicatos que têm pessoas como foco de interesse e
de existência.
Uma segunda
razão para o investimento de entidades de representação popular na produção de
conteúdos em seus portais se deve ao fato da inserção de muitas delas, em
especial as que representam interesses de categorias profissionais, no meio de
grandes massas. Necessário lembrar que sindicatos de profissionais de educação,
saúde e transporte público, além da representação de categorias volumosas,
estão por meio desses trabalhadores ao lado e no meio de milhões de pessoas, e
na grande maioria das vezes trabalhadores, cidadãos e usuários de internet.
Quem melhor do que essas entidades para ampliar seus conteúdos culturais e
formativos também para membros dessa massa, lembrando que todas as demais
forças apostam o tempo todo na bovinização, nas ovelhas que descem para
embarque no metrô em histórica cena inicial de Tempos Modernos do genial Charles
Chaplin, e isso nos anos 30 do século passado. Alguns sindicatos e
associações têm mais poder de influenciar e de mobilizar do que muitos partidos
políticos podem sequer um dia pretender. Se essas entidades não fizerem uso
desse potencial para despertar as pessoas desse sono a que foram induzidas,
ninguém mais poderá fazê-lo. Por que não criar o lado cidadão dessas mesmas
entidades?
Rogério Centofanti
São Paulo, abril
de 2016